“Então, se tornou corrente entre os irmãos o dito de que aquele discípulo não morreria. Ora, Jesus não dissera que tal discípulo não morreria, mas: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?” (João 21:23)
Papai viveu até os 92 anos, idade esta superior a estimativa de vida dada pelo IBGE para homens que é de 73 anos e de 80 anos para mulheres em 2019. Não é difícil encontrar pessoas com idade avançada, acima de 80 anos. Isto se deve principalmente às melhores condições de vida proporcionada à população. Entre os comentaristas bíblicos é bem aceito que o escritor deste evangelho, João, viveu até os 100 anos de idade. Considerando as condições de vida da época, foi um fato extraordinário. João viveu mais que todos os outros apóstolos e morreu na senilidade, diferente de outros que morreram ao fio da espada ou outro tipo de morte mais cruel. Uma pergunta cabe ser feita, o que fazer ao se viver tanto?
Tenho observado que muitas pessoas ao se aposentarem, especialmente no meio acadêmico, tendem a voltar a ativa. Algumas não conseguem se desvencilhar das atividades que passaram anos fazendo, não fizeram qualquer programação para este momento de suas vidas, não pensaram no depois e levaram suas vidas pelo momento, foi uma escolha. Mas, não é difícil encontrar idosos doentes, com uma vida completamente diferente da que tinham enquanto estavam na atividade laboral diária, no emprego formal, que passaram anos realizando. A vida é construída a cada momento, mas o futuro bem organizado, mesmo que não se tenha controle de todas as coisas, depende de planejamento e de objetivos claros.
Uma vida de ‘sucesso’ depende de fundamento sólido, com princípios morais e éticos bem estabelecidos. Mas uma vida de sucesso e feliz, em todos os aspectos que possamos enquadrar, depende do relacionamento estabelecido com Deus. Assim, foi com o apóstolo João. Ele não foi uma simples celebridade ou teve apenas uma passagem exitosa durante sua caminhada, mas fincou sua existência no relacionamento íntimo com seu Mestre, viveu para ele e por ele. No final da vida, pôde dizer que o que viu, ouviu e agora anuncia é resultado da comunhão estabelecida com seu Senhor e Salvador, e isto é o que lhe traz alegria completa.
Uma vida para ser bem vivida necessita de propósitos. O principal deles, sem sombra de dúvidas, é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. João com certeza viveu isso plenamente! Glorificou a Deus com sua vida, com seus atos e com toda sua obra. Além disso, ele desfrutou da presença física e espiritual de seu Senhor, e enquanto ainda vivo, viveu para ele. Agora escreve este evangelho para que nós saibamos o que é ter uma vida dessa forma. As memórias vividas são lembradas e expostas para que outros glorifiquem e louvem a Deus por isso.
Com certeza, uma vida longeva na presença de Deus terá muitas histórias para contar e relatará o que Deus em sua bondade proporcionou e todo o cuidado dispensado. Quem conheceu a Deus ainda na infância e agora está com as cãs à mostra, tem as lembranças da tenra idade provavelmente mais afloradas, talvez porque quanto mais se viveu, mais se conviveu com elas, mais se aprendeu delas, mais se criou intimidade com elas e mais se lembrará delas. Assim, um relacionamento estabelecido por muitos anos, mais se aproveita e se lembra dele. Somos chamados a viver nossa vida aqui sem nos esquecermos de que somos cidadãos de uma outra pátria. Viver bem aqui também repercutirá na vida futura. Testemunhar dos feitos do Senhor é com certeza nossa missão e ter uma vida longeva significa mais tempo para fazer isso também. Pensar nesta perspectiva é pensar não só no agora, mas numa vida futura ao lado de nosso Senhor. Vida longa a todos nós!