Espiritualmente podemos definir visão como a capacidade de perceber a presença e o poder de Deus nas circunstâncias. Isso implica em ver a vida através dos olhos de Deus; ver as situações como Deus as vê. Se há um texto que desafia qualquer cristão a ver as circunstâncias pela perspectiva de Deus é a narrativa da conquista da Terra Prometida. Há uma parte da história que particularmente impressiona: o capítulo 13 de Números. O contexto deste capítulo mostra que os israelitas, sob a liderança de Moisés e pelo poder de Deus, haviam sido libertos da escravidão egípcia e estavam enfrentando um êxodo pelo deserto. Chegando nas fronteiras da terra Prometida, ou seja, no momento de alcançar a visão de Deus para o povo, Moisés, sob a orientação do Senhor, envia 12 homens para que espiem a terra.
Quando eles retornam de sua missão, prestam dois relatórios diferentes a Moisés e ao povo. O relatório de dez espias era impregnado de negativismo, medo e pânico. O relatório prestado por Josué e Calebe era permeado pela realidade dos mesmos perigos que os outros também constataram, mas havia coragem, ousadia e fé para enfrentá-los. Eles não subestimaram o problema, ou seja, não fizeram de conta que não viram os gigantes e os perigos que os aguardavam, mas eles olharam sob o ponto de vista de Deus. A terra já era deles; bastava subir com ousadia e espírito de luta (v.30). Esse era o preço que eles tinham que pagar para ver a promessa se cumprir. Inicialmente, o povo não conseguiu ver a situação da mesma maneira que Josué e Calebe, mas depois eles puderam experimentar o prazer de estar sob a orientação de Deus. O resultado disso podemos ler nos capítulos que se seguem: muitas lutas no caminho e a alegria de tomar posse de uma promessa, depois de ter pagado o preço necessário.
Pensando nos educadores cristãos do Brasil, podemos dizer que, estamos num momento semelhante ao que se encontrava o povo de Israel no deserto de Parã, antes de entrar na terra prometida. Enquanto a visão de Israel, naquele momento, estava voltada para a promessa de possuir a terra, nossa visão está voltada para o cumprimento de nossa missão educacional e a expansão do Reino de Deus em um tempo de muitas mudanças.
Imagine um Brasil onde a Educação Cristã é plenamente valorizada. Imagine cada igreja batista sendo orientada por um Educador Cristão e construindo o seu próprio programa educacional, com objetivos gerais estabelecidos a partir da Palavra de Deus e observando a sua realidade local. Imagine os educadores cristãos unidos, produzindo conteúdos e trocando experiências. Imagine o número de vocacionados crescendo e os seminários cheios de pessoas com o coração pulsando pela Educação Cristã!
Visualize cada ambiente educativo cristão como um espaço aberto para viver experiências pessoais com o Autor da Vida. Imagine um espaço educacional onde crises são vistas como oportunidades para o amadurecimento pessoal e da comunidade e onde o Reino de Deus é facilmente observado no convívio com os irmãos. O conteúdo Bíblico é transformado em ação, ou seja, sai do papel e salta para a vida das pessoas. A motivação não é a informação teórica que é exposta, mas, sobretudo, a possibilidade de confrontar este conteúdo com a própria vida e iniciar um processo de mudança, tendo a ação do Espírito Santo e os relacionamentos como aliados nesta tarefa.
Precisamos olhar o desafio de resgatar a Educação Cristã no Brasil como algo que Deus está nos dando! Sabemos o tamanho dos gigantes que encontraremos no meio de nossa caminhada, mas, assim como Josué e Calebe, precisamos fitar os olhos no tamanho do nosso Deus e não neles. Vamos avançar com fé, pagando o preço que precisa ser pago. O povo de Israel teve que lutar. O preço que temos que pagar é muito mais subjetivo, nem por isso menos difícil. Pagaremos o preço da humildade, da fé, da paciência, da fidelidade, da perseverança, da formação continuada, da união, da organização… O restante é responsabilidade daquele que nos deu a visão. Precisamos depender totalmente de Deus, sabendo que Ele é quem opera em nós o querer e o efetuar, segundo a sua boa vontade.
Que Ele continue a nos abençoar, na sublime missão de educar!
Elana Costa Ramiro
Educadora Cristã da Primeira Igreja Batista da Penha – SP
Presidente da AECBB