“A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.” (João 1:5)
O Século XVIII é considerado o “século das luzes”, quando surgiu o que conhecemos como Iluminismo. A base do Iluminismo fincou-se na liberdade de pensamento, no desenvolvimento científico, na razão como meio de se chegar à verdade, na busca pelo prazer, na permanência do homem como centro de todas as coisas e que somando tudo isso haveria a concretização de um mundo melhor. Ou, nas palavras de Immanuel Kant, o “lluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado”. A ideia de Kant é que quem não se vale do entendimento, ainda está na menoridade, por culpa própria.
Há várias ideias por aí sobre a relação entre luz e treva, além desta relacionada ao entendimento das coisas. Há, inclusive, a ideia de que são duas forças fundamentais opostas e complementares que se encontram em todas as coisas (dualismo). Passa-se a ideia de forças de mesma intensidade, mas de sentidos contrários. Uma hora ou outra, uma destas forças tem domínio sobre a outra e se precisa buscar o equilíbrio. Mas, será que é assim que João vê e tem como a base de formação de seu próprio conhecimento?
João escreveu este evangelho muitos anos depois dos fatos relatados terem ocorridos. É alguém que tem conhecimento dos fatos por completo e mostra a verdade contida neles. João não tem dúvidas de que não há duas forças opostas, de mesma intensidade, operando no universo. Depois de tudo ocorrido, ele chega à única conclusão possível, a de que “a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela”. Onde chega a luz, as trevas são dissipadas. Não importa se a fonte da luz seja grande ou pequena, se a intensidade da mesma seja alta ou baixa, mas onde a luz chega, as trevas se vão. Não há verdade fora disto.
Relatos e profecias do Antigo Testamento são claros em falar da necessidade da verdadeira luz para clarear não só a razão humana, mas para trazer clareza espiritual. Com a vinda de Jesus ao mundo, perguntas sem respostas são agora esclarecidas. Ele é a luz que clareia todo o pensamento humano e que leva à verdade. João não tem dúvida disso e pôde lembrar quando escreveu o que o próprio Jesus falou, que à medida que as pessoas conhecessem a verdade, essa verdade os libertaria (Jo 8:32). Essa verdade era objetiva, pois Jesus falava dele mesmo. Jesus é a verdade que ilumina o coração do homem e o tira das trevas. O encontro com este Jesus é que mostrará que as trevas não prevalecem sobre a verdade objetiva que Ele é. Se para Kant a menoridade expressa a falta de entendimento que só pode ser alcançado com a liberdade da razão, para o apóstolo Paulo, o estado de menino (menoridade) (I Cor 13:11) é deixado quando se conhece a verdade objetiva expressada na cruz, pois é lá onde o brilho máximo da luz foi resplandecido e refletiu o verdadeiro amor que liberta todo homem.
Jesus é a luz do mundo que ilumina a todo homem. Distanciar-se dessa verdade objetiva é apregoar a necessidade da liberdade pela razão apartada de Deus. A verdadeira luz reside na única fonte de todo o conhecimento, Jesus. Pode-se buscar em qualquer outro lugar, mas quando se é, pelo menos, sincero nesta busca, chega-se à conclusão de que não há outro caminho. Não há forças opostas operando na criação, mas há o Deus criador de todas as coisas, que se manifestou em seu Filho e que demonstrou todo o amor possível quando o fez
morrer na cruz. A cruz não foi uma vitória das trevas, naquele momento não havia duas forças contrárias de mesma intensidade operando. Só havia o Deus criador resgatando sua criação, operando a única forma de resgate possível. Não há outra verdade objetiva além desta. Jesus é a luz que não pode ser contida pelas trevas. Ele é a luz que resplandece nas trevas. E você?