No mês de junho, no segundo domingo, é celebrado o Dia do Pastor Batista. Essa data é uma oportunidade de homenagear aqueles que dedicam suas vidas ao ministério pastoral, guiando, ensinando e servindo às suas comunidades com amor e dedicação. Mas, afinal, o que faz de um pastor alguém digno de tal título? E quais são as características que definem um verdadeiro servo de Deus? Quem é o pastor digno de ser chamado assim?
Um pastor digno de seu chamado demonstra, em sua vida e ministério, características que refletem o caráter de Cristo e o compromisso com o serviço ao próximo. Richard Baxter (1989), no livro intitulado: “O Pastor Aprovado”, enfatiza que “o caráter do pastor deve estar fundamentado na dedicação plena a Deus e na motivação de promover a salvação do Seu povo”. A integridade espiritual e o compromisso com os valores divinos são essenciais para exercer um ministério eficaz e autêntico. Essa dedicação não apenas molda a conduta do pastor, mas também reforça sua autoridade espiritual, inspirando confiança e respeito entre os fiéis. Assim, a ênfase de Baxter reforça a ideia de que um verdadeiro pastor deve priorizar a sua relação com Deus e a missão de salvar vidas, demonstrando uma vida de exemplo e devoção sincera.
A obra ministerial não deve jamais ser motivada por interesses pessoais ou busca de lucro próprio. Em vez disso, o ministério deve ser realizado com um coração puro, buscando somente a glória de Deus e o bem espiritual daqueles que servem. Essa perspectiva reforça a importância da integridade e do compromisso sincero na atuação pastoral, lembrando que o verdadeiro serviço ministerial é uma vocação sagrada, orientada exclusivamente para o serviço a Deus e à salvação das pessoas.
Atualmente, é evidente que muitos pastores têm se deixado dispersar pelas demandas secundárias da igreja, como tarefas administrativas, eventos sociais e atividades de manutenção, muitas vezes em detrimento do verdadeiro propósito de sua missão: liderar a igreja na formação de uma comunidade de discípulos de Jesus e promover a multiplicação de novos discípulos para o Reino. Essa dispersão pode fazer com que se percam do foco principal, que é pregar o evangelho, discipular pessoas e ampliar o impacto do Reino de Deus na sociedade. Quando o compromisso com as tarefas secundárias se sobrepõe à missão central, a essência do ministério é comprometida, e a igreja corre o risco de se tornar apenas uma instituição social formal, esquecendo-se de sua verdadeira vocação de transformar vidas através do discipulado cristão.
Segundo Brian Croft (2021), “um pastor não é chamado para realizar programas para as multidões; também não é chamado para fazer tudo e tentar agradar a todos”. O pastor cuidará do rebanho de Deus que lhe foi confiado até a vinda do Pastor supremo. Um líder espiritual não deve se dedicar apenas à organização de eventos em grande escala ou tentar satisfazer todas as expectativas ao seu redor. Sua principal responsabilidade é zelar pelo bem-estar daqueles que lhe foram confiados, atuando com dedicação e fidelidade até o momento em que o pastor supremo retorne. O foco está na atenção ao rebanho, promovendo seu crescimento espiritual e proteção, ao invés de buscar reconhecimento ou agradar a todos os indivíduos. É cuidar diligentemente do rebanho de Deus que lhe foi confiado. Essa responsabilidade exige dedicação, fidelidade e um foco na nutrição espiritual do povo de Deus.
Deus é aquele que chama indivíduos ao ministério pastoral, conferindo-lhes uma missão sagrada e delineando os detalhes desse chamado de forma clara e inequívoca na Bíblia. Ao longo das Escrituras, podemos encontrar inúmeros exemplos e orientações que revelam como Deus escolhe e prepara os pastores para liderar o Seu povo com zelo, amor e dedicação.
Na primeira carta de Pedro, capítulo 5, versículos 2 a 7, o apóstolo Pedro exorta os pastores/presbíteros a exercerem seu ministério com responsabilidade e sinceridade. Ele os incentiva a cuidar do rebanho de Deus, não por obrigação, mas voluntariamente, com alegria e zelo, sempre com o coração voltado para o bem-estar espiritual daqueles a quem foram confiados. Essa passagem reforça a ideia de que o verdadeiro pastoreio não se baseia em interesses pessoais ou em cargos de autoridade, mas na dedicação genuína ao cuidado das almas, seguindo o exemplo do próprio Cristo, o Supremo Pastor.
O verdadeiro chamado de um pastor vai muito além de uma “pseudo vocação” ou uma “profissão”; é uma missão que exige humildade, espontaneidade e zelo. Pastorear com humildade significa reconhecer que toda autoridade vem de Deus e que o líder espiritual deve servir com simplicidade, sem buscar privilégios ou glórias humanas. A espontaneidade no ministério revela-se na autenticidade e sinceridade com que o pastor se dedica ao seu rebanho, demonstrando amor verdadeiro e cuidado genuíno por cada pessoa. O zelo, por sua vez, manifesta-se na dedicação incansável em conduzir o povo de Deus ao caminho da verdade, na oração constante, no estudo diligente da Palavra e na disposição de apoiar e orientar com misericórdia e paciência.
Tudo isso deve ser feito em nome do Supremo Pastor, Jesus Cristo, que é o modelo perfeito de liderança, amor, abnegação e sacrifício. O pastor que segue esse chamado atua como um instrumento nas mãos de Deus, refletindo o caráter de Cristo em suas ações e atitudes. Sua missão é cuidar das ovelhas com zelo, humildade e espontaneidade, sempre lembrando que o seu serviço é uma extensão do amor de Cristo por Sua Igreja.
Portanto, o verdadeiro pastor não busca reconhecimento humano, mas a glória de Deus e a salvação das pessoas sob seus cuidados. Ele deve exercer seu ministério com integridade, fidelidade e dedicação, consciente de que o seu chamado é uma vocação divina, uma responsabilidade sagrada que exige fé, coragem e amor incondicional. Assim, ao desempenhar seu papel com fidelidade, o pastor contribui para o crescimento espiritual do rebanho de Deus, promovendo um ambiente de paz, e esperança, sempre guiado pelo exemplo de Jesus, o Bom Pastor.
Com base em tudo que foi refletido, o artigo conclui com a sábia orientação do professor Timothy Witmer (2024): “Sobretudo, o pastor deve dedicar-se ao ministério da palavra e da oração. O ministério do pastor para o rebanho deve se fundamentar nas Escrituras como autoridade ministerial e fonte ampla da verdade com o objetivo de alimentar, liderar e proteger as ovelhas. Os pastores em sentido individual e coletivo, também devem estar certos de entregar todo o cuidado do rebanho ao Senhor em oração. Somos completamente dependentes do Senhor para sermos eficientes ao lidarmos com as ovelhas dele para a sua glória” .
Bibliografia
Baxter, Richard. O Pastor Aprovado. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas. 1989.
BÍBLIA. Bíblia de Referência Thompson. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição revista e corrigida. São Paulo: Vida, 1995.
Brian Croft. O Ministério do Pastor. São Paulo: Editora Fiel. 2021.
Witmer, Timothy. A liderança pastoral. São Paulo. Editora Vida Nova. 2024.